Hoje os professores foram recebidos pela equipe pedagógica, refletiram sobre a função social da educação e a importância de uma concepção crítica sobre a educação em tempo integral. A gestora Olga fez a entrega de kits pedagógicos e repassou informes sobre o início do ano letivo.
Através da técnica do recorte do texto, todo grupo debateu e garantiu um momento de crescimento profissional.
1.
Quando o profissional da educação se propõe a estudar assume sua condição
humana de eterno aprendiz. Os desafios e dilemas da atuação docente e
pedagógica são inúmeros, e não há receita pronta e engessada que ensine uma
fórmula mágica para o sucesso do processo de ensino e aprendizagem, para
engajar o aluno e evitar a indisciplina, ou mesmo para garantir uma avaliação
que seja justa com o ritmo individual de cada aluno. O que existe são práticas
e teorias que precisam ser revistas cotidianamente, através da formação
continuada o profissional entende que sua prática não é infalível, e que pode
sempre ser melhor. É preciso entender a proposta de educação integral,
construir significado para esta proposta. Saber o que a sociedade precisa do
educador da escola de tempo integral. Pensar a função social da educação é
nosso dever.
2.
Contextualizando a educação integral: A concepção de Educação Integral no
Brasil está fortemente marcada pelas ideias e experiências conduzidas pelo
grande educador Anísio Teixeira, no Estado da Bahia. O pioneiro do movimento da
Escola Nova teve a oportunidade de nos anos de 1925 a 1928 e posteriormente,
por toda a década de 50, realizar um trabalho admirável em defesa da Educação
Integral. Suas ideias, influenciadas por John Dewey, eram de ampliar a
escolaridade das crianças para formar os cidadãos de uma sociedade democrática.
Acreditava que só a escola pública – a escola comum, laica e para todos poderia
educar o cidadão para construir e viver em uma sociedade democrática. Na sua visão,
a escola que ele propunha só poderia existir em uma sociedade democrática e em
um regime democrático que permitisse a existência do homem integral, o jogo
livre de ideias e de criação artística e as experiências inovadoras em todos os
campos do saber e do viver (CARVALHO, 1969, p 7). Uma pergunta a todos do
grupo: Atualmente a educação é integral ou se dá em tempo integral? O que seria
uma educação integral?
3. Depois deste
movimento da educação integral na Bahia, comandada por Anísio Teixeira, em meados
dos anos 80 a concepção de educação integral retorna na educação brasileira, no
Estado do Rio de Janeiro, com o educador Darcy Ribeiro na função de Secretário
de Educação, que ainda sob influência do projeto de Anísio Teixeira implanta os
Centros Integrados de Educação Pública, os CIEP’s. Foram cerca de 506
(quinhentos e seis) prédios construídos em todo o estado do Rio de Janeiro, com
projeto de Oscar Niemeyer. A proposta da educação integral não é atual, mas
para transformar a realidade atual é preciso trabalhar com competência.
4. Encarar a
necessidade da mudança da educação ofertada aos mais jovens implica definir o
tipo de educação que se quer dar às novas gerações e ao mesmo tempo situar-se
historicamente diante dos problemas e desafios que a educação brasileira
enfrentou ao longo do último século e, também, identificar/definir as
possibilidades e limites da educação escolar nessa formação. A Educação
Integral de hoje pressupõe que a escola seja capaz de juntar seus esforços aos
das demais instituições sociais da comunidade para, de forma integrada,
dialogar e compartilhar as responsabilidades da construção de um projeto comum
de educação que pressupõe, no dizer de Torres (2003), que escola, família, comunidade
e instituições sociais organizem-se como uma comunidade de aprendizagem. Mas o
que é uma comunidade de aprendizagem?
5. O conceito de
“comunidade de aprendizagem” amplia a ação da escola para além de seus muros;
engloba a presença de muitos outros atores além dos professores conduzindo as atividades
junto aos alunos e congrega muitos saberes originários de diferentes contextos
e culturas para dentro do currículo escolar. É uma comunidade em que todos
aprendem. Uma comunidade de aprendizagem é uma comunidade humana organizada que
constrói um projeto educativo e cultural próprio para educar a si própria, suas
crianças, seus jovens e adultos, graças a um esforço endógeno, cooperativo e
solidário, baseado em um diagnóstico não apenas de suas carências, mas,
sobretudo, de suas forças para superar essas carências.(TORRES, 2003, p 83)